Os bebês reborn, réplicas hiper-realistas de recém-nascidos, têm sido um assunto bastante comentado nas últimas semanas. O tema chegou até a virar reportagem no Fantástico. Nesse meio-tempo, um texto interessante publicado pela advogada Ruth Manus @ruthmanus no Instagram trouxe à tona uma discussão sobre o assunto envolvendo questões de gênero.
"Acho interessante como tudo o que envolve mulheres se torna algo polêmico em questão de segundos. A história das bonecas reborn não foi diferente. Nada que envolva mulheres pode ser minimizado, tratado com cuidado ou como brincadeira. Por que uma mulher adulta quereria uma boneca? Por muitas razões. Por achar fofo, por querer enfeitar a casa, por querer suprir levemente um vazio por não ser mãe, por achar engraçado, sei lá eu o porquê. E a verdade é que isso pouco me interessa e não me diz respeito. Uma mulher cuidando de um bebê reborn não está fazendo mal a absolutamente ninguém. Por que interessa o debate sobre a sanidade dela? Como li num texto, ninguém questiona um homem adulto que jogue fifa fingindo ser o Messi durante horas. Ninguém questiona um homem que marque de andar de kart ou jogar paintball com 10 amigos de 35 anos num sábado. Ninguém acha que eles são malucos.
Eu tenho um certo pavor dos bebês reborn, acho assustadores mesmo. Mas por que raios eu gastaria meu tempo problematizando as mulheres que enxergam um encanto nisso? Quão doutrinadas elas foram (assim como eu fui) para só se sentirem completas com um bebê nos braços? Tantas coisas para questionar: a pressão social para ser mãe, a eterna infância validada para os homens, a dor de uma mulher que quer ser mãe e não consegue. Mas não: resolvemos rir de mulheres, colocar tarja de loucas nelas- nada fora do habitual, né? Talvez valha pensarmos um pouco nisso. É super normal um homem adulto ficar 4 horas tentando matar zumbis em frente a uma tela. É insano uma mulher adulta se encantar com uma boneca e ter vontade de cuidar dela.
(em tempo: é óbvio que não estou dizendo que não haja pessoas que levem isso a uma potência na qual a coisa se torna uma questão delicada de saúde mental- mas isso precisa de tratamento e não de estigma- assim como há homens com vícios graves em games, esportes e apostas, prejudicando famílias inteiras e isso não ganha o protagonismo que as reborn ganharam)"
Link da postagem: www.instagram.com/p/DJWwyEtAfKF/
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Minha opinião: se a pessoa que tem o bebê reborn não está prejudicando ninguém, nem invadindo o espaço do outro, não ligo a mínima.
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