Raccord ou Match Cut: A Arte da Conexão na Edição Cinematográfica

Em fevereiro de 2024, o vazamento de Mamonas Assassinas - O Filme gerou uma onda de críticas negativas, com muitos considerando-o um dos piores filmes nacionais já realizados. Uma das principais críticas recai sobre a edição do filme, especialmente em uma cena específica. 

Por volta dos 56 minutos, há um momento em que os personagens que interpretam os integrantes da icônica banda se abraçam em círculo, e a cena alterna entre eles sem caracterização e com a caracterização completa dos Mamonas Assassinas. Essa cena foi amplamente criticada por ser um exemplo notório de match cut mal executado.

Mas, afinal, o que seria "match cut"?

Segundo um artigo na Wikipédia:

O Raccord ou Match Cut, também conhecido como corte de comparação, é uma técnica de edição cinematográfica que cria uma transição suave e fluida entre duas cenas através da justaposição de elementos visuais semelhantes. Essa técnica pode ser utilizada para diversos fins, como conectar diferentes momentos da história, criar suspense, estabelecer relações simbólicas entre as cenas ou simplesmente dar ritmo ao filme.

O que é um Raccord ou Match Cut?

Em termos técnicos, um raccord ou match cut é realizado quando dois planos consecutivos se conectam por um elemento visual em comum. Esse elemento pode ser:

• Movimento: O movimento de um objeto ou personagem em um plano é continuado no plano seguinte.
• Posição: Um objeto ou personagem está na mesma posição espacial em ambos os planos.
• Forma: A forma de um objeto ou personagem é semelhante em ambos os planos.
• Cor: Uma cor predominante em um plano é retomada no plano seguinte.
• Som: Um som específico em um plano é conectado a um som similar no plano seguinte.

Exemplos de Raccord ou Match Cut no Cinema

Em "2001: Uma Odisseia no Espaço" (1968), um corte conecta a imagem de um osso sendo lançado ao ar por um hominídeo pré-histórico à imagem de uma nave espacial em órbita da Terra. Essa justaposição sugere a evolução da humanidade e a constante busca do homem por novos horizontes.

Um dos primeiros exemplos da técnica em Hollywood é a sequência de sonho do quarto longa-metragem de Buster Keaton de 1924, o filme Sherlock Jr.. Na cena, ao cair no mar, a cena seguinte corta para ele caindo em um monte de neve na encosta de uma colina.

Um exemplo notável ocorre no filme "Cidadão Kane" (1941), dirigido por Orson Welles. A película inicia com uma sequência impressionante em que a janela do personagem principal permanece iluminada, ocupando a mesma posição no quadro, enquanto os cortes nos conduzem através da decadente propriedade de Xanadu, antes de culminar na derradeira cena da vida de Kane, levando os espectadores de fora para dentro, testemunhando seu último suspiro.