A malandragem da Globo ao usar IA que provocou protestos do movimento Dublagem Viva


Na era da inteligência artificial (IA), as fronteiras do possível estão em constante expansão. A recente utilização de IA pela Globo na série documental "Rio-Paris: A tragédia do Voo 447", disponível no Globoplay, ilustra perfeitamente os dilemas e as oportunidades geradas por esta tecnologia. Ao substituir as vozes de dubladores humanos por vozes geradas artificialmente, a emissora brasileira provocou um debate intenso sobre os impactos e a ética dessa prática. 


No início de cada episódio, a Globo exibe uma mensagem informando que as entrevistas em língua estrangeira foram dubladas usando as próprias vozes dos entrevistados, manipuladas por IA. A empresa afirma que todas as ações foram conduzidas dentro dos limites legais e acordos firmados com empresas de dublagem. Contudo, essa decisão gerou uma onda de protestos, especialmente do movimento Dublagem Viva, que destacou a perda de trabalho para cerca de 50 profissionais direta e indiretamente envolvidos na dublagem apenas neste projeto.



A reação nas redes sociais foi imediata e intensa. O movimento Dublagem Viva (dublagemviva.com.br) expressou sua preocupação com a potencial generalização dessa prática, temendo um futuro onde dubladores humanos possam ser sistematicamente substituídos por máquinas. Este cenário levanta questões cruciais sobre a sustentabilidade das carreiras na indústria da dublagem e o valor do trabalho humano frente às novas tecnologias.

Por um lado, a Globo argumenta que respeitou os acordos firmados ao não utilizar as vozes de dubladores para treinamento de IA ou em processos de IA sem autorização. 🤡

A estratégia da empresa pode ser vista como uma jogada inteligente para reduzir custos de produção, especialmente em tempos de pressão econômica sobre a indústria audiovisual. Utilizar IA para dublagem pode oferecer uma solução rápida e econômica, mantendo a fidelidade ao conteúdo original das entrevistas.


Por outro lado, a decisão da Globo também pode ser interpretada como um exemplo de como grandes empresas podem explorar lacunas regulatórias para adotar novas tecnologias de maneira que afete negativamente a força de trabalho. Embora a Globo tenha tecnicamente cumprido as normas vigentes, a substituição de profissionais por IA levanta questões éticas significativas. Até que ponto a redução de custos justifica a perda de empregos? E como equilibrar o progresso tecnológico com a proteção de profissionais tradicionais?

Além disso, a prática da Globo destaca a urgência de atualizar as regulamentações para acompanhar o avanço tecnológico. Leis específicas para a utilização de IA em produtos audiovisuais poderiam ajudar a criar um ambiente mais justo e equilibrado, protegendo tanto os direitos dos trabalhadores quanto incentivando a inovação.

A iniciativa da Globo de utilizar inteligência artificial na dublagem de "Rio-Paris: A tragédia do Voo 447" é um caso emblemático dos desafios e dilemas do uso de novas tecnologias. Enquanto oferece uma solução econômica e tecnicamente viável, também levanta preocupações legítimas sobre o futuro do trabalho humano na indústria audiovisual. A sociedade e os legisladores precisam encontrar um caminho que permita a evolução tecnológica sem sacrificar a dignidade e a sustentabilidade das profissões tradicionais. Afinal, o progresso deve ser inclusivo, garantindo que todos possam beneficiar-se das novas oportunidades que ele traz.

Fonte: https://noticiasdatv.uol.com.br/mobile/noticia/series/globo-dribla-acordo-para-usar-ia-em-serie-e-causa-protesto-de-dubladores-120699.amp
Próxima Postagem Postagem Anterior
Sem Comentários
Adicionar Comentário
comment url